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Mostraremos
alguns tipos de falácia que os pseudointelectuais mais usam,
especialmente no ambiente da internet. Vamos mostrar como o uso correto
da lógica e da filosofia pode nos auxiliar para vencer qualquer debate
baseado em argumentos objetivos.
Os Sofistas
A
origem dos sofistas se confunde com a origem da retórica. Protágoras,
considerado o primeiro sofista, era o pseudointelectual da antiguidade
que vendia seu conhecimento para os mais abastados da sociedade grega.
O
primeiro ponto que devemos ressaltar quando falamos de retórica é que
não necessariamente a habilidade de falar e escrever confere à pessoa a
capacidade indelével de estar sempre correto, pois isso seria tarefa da
lógica pura e mesmo a lógica pura tem limitações.
Os políticos que são bons de oratória são os que mais mentem, pois suas
falácias não são tão facilmente descobertas, a retórica é uma arte, a
arte de esconder as contradições e as inconsistências de uma ideologia
com a finalidade de transmitir apenas uma versão particular e
tendenciosa da realidade.
Podemos chamar de sofistas os que utilizam falácias lógicas sem saber ou aqueles que o fazem
intencionalmente com a finalidade de obter o máximo efeito retórico
desejado.
Algumas falácias clássicas
--> Petição de Princípio: Usar como argumento mais forte justamente aquilo que deveria ser provado. “Não devemos voar em aviões, pois se a intenção de Deus fosse que o homem voasse ele teria nos criado com asas”.
--> Ad Populum: Argumento que apela para a suposta credibilidade do testemunho da maioria das pessoas: “Segundo o que o povo diz, beltrano está traindo fulana com cliclana”.
--> Argumento do Espantalho: Consiste em fugir do assunto para tentar vencer o debate numa outra arena. “Por que não conversamos sobre história e eu lhe explico como a matemática também já falhou durante centenas de anos?”.
--> Apelo à Autoridade: Invoca o princípio falso de que somente pessoas que são autoridade num assunto podem conhecer a verdade. “Fulano está errado sobre o fato do zé pilantra ser um marginal, pois fulano não é uma autoridade policial sobre marginais.”
--> Non Sequitur: Falsa justificativa. Tomar a exceção pela regra gera uma falsa conclusão. O argumento inconclusivo em geral. “Sabemos que o Batman já matou nos quadrinhos, então ele deve aparecer matando nos próximos filmes”.
Como seria o argumento correto, tratando a exceção com propriedade? “Sabemos que o Batman não mata na maioria das vezes, portanto as exceções mostradas na história x e no filme y só confirmaram a regra”.
Exceção é apenas o que o nome diz, é a regra que deve ser compreendida pelos especialistas de qualquer assunto, simplesmente porque é a regra que valida o raciocínio dedutivo e não a exceção.
Conhecimento Vs. Opinião
Platão já discutia sobre opinião e conhecimento a mais de 2.200 anos atrás, segundo a sua filosofia o conhecimento objetivo diverge da opinião porque pode ser atingido pela dialética que é a inspeção detalhada da realidade através da intuição intelectual e da ironia socrática.
Quando trocamos opiniões na internet e nos deparamos com assuntos sobre os quais os comentaristas duvidam que exista algum consenso, muitos tentam reduzir tudo a uma questão opinativa.
Isto é, tanto faz qual seja “a verdade” determinada pelo melhor argumentador, pois cada um teria a sua verdade pessoal sobre o assunto. Ocorre que na maioria das vezes esse argumento é uma falácia e vou provar porque é falacioso.
Isto é, tanto faz qual seja “a verdade” determinada pelo melhor argumentador, pois cada um teria a sua verdade pessoal sobre o assunto. Ocorre que na maioria das vezes esse argumento é uma falácia e vou provar porque é falacioso.
Muitas coisas que não são uma questão de opinião pessoal são discutidas na internet como se fossem uma questão de opinião pessoal. Isso é um erro.
Há quem ache que ter razão é sempre mais importante do que debater de forma saudável, mesmo sendo à custa de abrir mão da sensatez e da racionalidade em nome do falso sentimento altruísta da liberdade de expressão. Liberdade de expressão é uma coisa, formular raciocínios inválidos, outra.
A Falácia Relativista
“Podemos acreditar em qualquer coisa como bem entendermos, nenhuma crença é melhor do que outra”.
Esse é o famigerado princípio de isonomia das crenças.
Esse princípio é falso e não pode validar qualquer raciocínio. Qualquer argumento que utilize a isonomia das crenças mostrará cedo ou tarde várias inconsistências.
Em primeiro lugar, se fosse natural para cada um acreditar no que bem entende, então os debates na internet não tem justificativa para ocorrer, pois o lado certo seria conhecido desde o princípio, isto é, “todos estão certos” a seu modo e o debate é um exercício fútil.
Em primeiro lugar, se fosse natural para cada um acreditar no que bem entende, então os debates na internet não tem justificativa para ocorrer, pois o lado certo seria conhecido desde o princípio, isto é, “todos estão certos” a seu modo e o debate é um exercício fútil.
O que vale numa conversa informal onde a intenção é prolongar um assunto ou até mesmo provocar a exaltação dos ânimos dos envolvidos, não pode valer em questões objetivas, onde sempre há um lado certo e um lado errado.
A falácia relativista que afirma que no final de um debate todos estão certos não importa o quanto discutam e não importa a qualidade dos argumentos apresentados, pode ser refutada provando a falsidade do princípio de isonomia das crenças.
Demonstração da falsidade do princípio de isonomia das crenças
Sejam três argumentadores A, B e C.
A- Todas as crenças são de igual validade e não podem ser negadas.
(princípio de isonomia das crenças)
B- Se for esse o caso, então C está correto em sua crença, mesmo embora C acredite em algo que é considerado como errado pela maioria das pessoas, tal como a ideia de que a Terra é plana.
A- Realmente.
B- Então, nesse caso, algumas crenças podem ser negadas.
A seguir jaz uma redução astuta, mas trata-se de uma mais consistente do ponto de vista filosófico porque não depende da aceitação de A de que a opinião de C está errada.
A - Você deveria respeitar a crença de C, porque todas as crenças são de igual validade e não podem ser negadas.
B- Eu recuso que todas as crenças sejam de igual validade. De acordo com sua declaração, essa minha crença é válida, como todas as outras crenças. Contudo, sua afirmação também contradiz e invalida a minha, sendo exatamente o oposto dela.
*Em cada caso dos exemplos supracitados, B usou uma redução ao absurdo para argumentar seu ponto de vista e venceu o debate.
Guia de Falácias Lógicas:
https://bigbizang.blogspot.com/p/guia-de-falacias-logicas.html
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