terça-feira, 13 de agosto de 2019

Kraftwerk: Usina de Força Underground

Os quatro integrantes originais do Kraftwerk são provavelmente os músicos mais geeks de todos os tempos, eles previram o domínio dos computadores e da internet no álbum Computer World de 1981.

Na música Home Computer eles já previam o mundo repleto de computadores pessoais no refrão: “Eu programo meu computador pessoal. Projetando-me no futuro”.

Os arquitetos do pós-rock

Podemos verificar a intenção do Kraftwerk de criar algo inovador na música já nos anos 70, como verificamos nessa declaração do líder do Kraftwerk, Half Hutter:

“...(...)...A terceira e mais óbvia característica do som do Kraftwerk é que, apesar da admiração de seus integrantes pela música pop anglo-americana, seu estilo musical é concebido totalmente fora da tradição do rock, do blues, do folk e do country. Tem sido dito que, para qualquer artista ser inovador, desde os anos 1970 até hoje, sua música precisa ser o menos parecida possível com a dos Beatles....(...)...sua música sempre se preocuparia por se distanciar do rock’n’roll....(...)...acompanhando essa rejeição a tradição anglo-americana de música popular, vem a rejeição a música concebida como se fosse puramente voltada à própria música. “As ideias refletidas em nosso trabalho são internacionalistas e também uma mistura de diferentes formas de arte”.

“É a ideia de não separar a dança aqui, a arquitetura ali e a pintura lá. Nós fazemos tudo, e a união de arte e tecnologia constituía o Kraftwerk desde o começo, mesmo que não tivéssemos as ferramentas que temos hoje...usávamos gravadores velhos, pequenas unidades de aço e distorção. Nós rompemos as barreiras entre artesãos e artistas, nos éramos operários da música”.

Usina de Força Underground

Além de toda a inovação da música do Kraftwerk, eles também foram pioneiros da cultura indie, fazendo sua própria música num estúdio próprio e fabricando seus próprios instrumentos pioneiros, sem nenhuma concessão a qualquer gravadora famosa. As primeiras gravações eram quase artesanais, realizadas por eles no seu estúdio Kling Klang, em Düsseldorf , na Alemanha.

Como podemos ler na contra capa de Publikation:

“Assassinos do culto à personalidade, estranhos, frios, enigmáticos, futuristas à frente de seu tempo, descolados...Eles ainda soam como se fossem do futuro!” Assim é descrita a banda alemã Kraftwerk [Usina de Força], considerada uma das mais importantes da história da música de todos os tempos. Formado em 1970 em Düsseldorf por Half Hutter e Florian Schneider, e consolidado entre 1975 e 1987 com os percussionistas Wolfang Flür e Karl Bartos, o grupo é tido como o precursor de toda a dance music moderna, por ter influenciado desde a disco music até o techno, passando pelo synthpop, electro, EBM, industrial, rap, hip hop e todas as variações desses gêneros. A música pop do século XXI é kraftwerkiana!"

"E algumas das técnicas musicais introduzidas pelo grupo são hoje lugar-comum na música atual. Suas letras geralmente lidam com temas relacionados à vida urbana e à tecnologia do pós-guerra e a vida pós-digital. E sua rejeição absoluta do culto à personalidade só contribuiu para o seu magnetismo. ...(...)..."

Kraftwerk
Publikation, A Biografia – David Buckley

The Hall of Mirrors

A música The Hall of Mirrors é a síntese da crítica social feita pelo Kraftwerk à indústria da música, com suas pressões desumanas aos artistas que são forçados a fabricar hits como numa linha de montagem. 

Isso leva os artistas ao limite, forçando-os a uma alienação narcisista de si mesmos. No auge da super exposição midiática e na fuga para as drogas, alguns artistas como David Bowie (um amigo pessoal da banda) adotaram o estilo de um "camaleão" perante o público para conseguirem estar na mídia, enquanto em suas vidas privadas não tinham certeza de quem eram.

Uma crítica que permanece válida nos dias de hoje, tanto quanto foi válida em 1977, na data de criação da música.

O Salão dos Espelhos (Kraftwerk)

Um jovem entrou no salão dos espelhos,
onde ele descobriu um reflexo de si próprio.

Mesmo as maiores estrelas,
Descobrem-se no espelho.
Mesmo as maiores estrelas
Descobrem-se no espelho.

Algumas vezes, ele viu seu verdadeiro rosto
E outras, um estranho no seu lugar.

Mesmo as maiores estrelas,
encontram seu rosto no espelho.
Mesmo as maiores estrelas,
encontram seu rosto no espelho.

Ele se apaixonou pela sua própria imagem
E, de repente, a imagem foi distorcida

Mesmo as maiores estrelas,
desgostam de si mesmas no espelho.
Mesmo as maiores estrelas,
desgostam de si mesmas no espelho.

Ele se fez a pessoa que queria ser,
E mudou para uma nova personalidade

Mesmo as maiores estrelas,
mudam a si mesmas no espelho.
Mesmo as maiores estrelas,
mudam a si mesmas no espelho.

O artista está vivendo no espelho,
com os ecos de si próprio.

Mesmo as maiores estrelas,
vivem suas vidas no espelho.
Mesmo as maiores estrelas,
vivem suas vidas no espelho

Mesmo as maiores estrelas,
fixam seu rosto no espelho.
Mesmo as maiores estrelas,
fixam seu rosto no espelho.

Mesmo as maiores estrelas,
vivem suas vidas no espelho.
Mesmo as maiores estrelas,
vivem suas vidas no espelho

Para saber mais:

Livro - Kraftwerk: Publikation, David Buckley
Músicas - Toda a discografia do Kraftwerk

Principais álbuns:

Autobahn - 1974
Radio-Activity - 1975
Trans Europe Express - 1977
The Man Machine - 1978
Computer World - 1981
Eletric Cafe - 1986
The Mix - 1991

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