A conjectura do universo computável parte do princípio que todas as coisas que existem na realidade são informação. Podemos iluminar essa premissa colocando-a no foco da filosofia cognitivista de Kant.
Uma representação é a entidade que está por outra entidade, assim como um mapa cartográfico é uma representação do respectivo território cartografado.
Quanto mais fidedigno é o mapa (representação), mais o mapa se aproxima do território (representado). Qualquer descrição é uma aproximação da informação dos objetos representados, com uma resolução aproximada.
Fórmula sumária da representação:
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O representado é o limite de convergência assintótica para o qual tende a representação com o aumento da resolução.
Quando um objeto do mundo real é criado via prototipagem numa impressora 3-D através de um gabarito codificado em códigos binários, estamos vendo simultaneamente uma representação abstrata (com menos detalhes) de um objeto real e também vendo outro objeto real com o substrato material da máquina impressora.
Futuramente, quando as impressoras mais modernas usarem vários substratos materiais diferentes, a resolução dimensional de informação será maior. A prototipagem tridimensional será uma imitação mais fidedigna do objeto real em escala reduzida, apresentando as mesmas nuances e peculiaridades que apresenta o objeto real.
E num futuro ainda mais distante, como faz o replicador multidimensional de Star Trek: The Next Generation, os objetos produzidos por tais máquinas replicadoras serão eles mesmos os próprios objetos em escala real.
Não importa minha referência a uma máquina da ficção científica que ainda não existe, usei esse exemplo propositalmente para ilustrar o caso limite. O progresso tecnológico só espelha a capacidade do engenho humano de lidar com mais dimensões de representação.
Na prática, a diferença entre a representação e o representado é uma convenção da linguagem. Como a resolução máxima numa descrição somente é atingida de modo abrupto através de uma convenção, podemos afirmar que todas as coisas são representação.
A noção de representado ou de objeto que representa a si mesmo é uma ficção útil da nossa linguagem, algo que reflete o fato de que nunca temos a informação total para descrever um objeto, portanto o acesso a uma informação parcial sobre a realidade é a norma da cognição.
A conjectura do universo computável juntamente com o naturalismo metodológico da ciência oferecem um contraponto interessante para a coisa-em-si de Kant. No prisma da filosofia digital, podemos substituir o termo filosófico <<coisa>> por <<informação>>, assim nos referimos a informação completa como informação-em-si e a informação parcial como informação epistêmica.
Como não temos acesso a informação-em-si da realidade, a nossa cognição é mediada por algum filtro epistêmico.
A realidade é aproximada pela cognição com o descarte de dimensões de informação através de mapas cognitivos de baixa resolução. Na ciência cognitiva e de modo ainda mais notório na filosofia digital, conhecer é abstrair informações.
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