segunda-feira, 8 de abril de 2019

Cultura Underground

Ambiente cultural que foge dos padrões comerciais, dos modismos e está fora da mídia.
Underground x Mainstream

A cultura underground é o resultado da expressão da criatividade em estado bruto, onde o experimentalismo é a regra e não há nenhuma restrição estética ou censura prévia para adequação aos moldes estabelecidos e aprovados pela maioria da população.

O tolo diz que a definição acima é a definição de "coisa ruim", algo que ninguém gosta. Só que isso está errado pela lógica mais rigorosa, sendo apenas uma falácia. E vou explicar porquê.

O que tem baixo valor artístico e cultural pode ser muito acessado, por bilhões de usuários no Brasil e no mundo. E coisas com alto valor artístico também podem ser acessadas por milhares ou milhões, não existe uma relação de causalidade estrita entre a popularidade de alguma coisa e seu valor cultural. Existe apenas o produto cultural bem avaliado e o mal avaliado pela cultura de massa e pelos críticos da cultura de massa.

Agora chegamos no ponto que podemos abordar o que vem a ser o mainstream na sua acepção mais geral. O mainstream é a cultura endossada pelo establishiment e se refere aos vários modismos com grande publicidade e destaque em todas as mídias. No espectro mais popular do mainstream temos o que se convencionou chamar de "cultura pop", algo que radicaliza a cultura que se opõe a cultura elitista dos intelectuais e eruditos.

Histórias em quadrinhos de ficção científica nos anos 40-50 eram underground (como os pulps de ficção científica), bem como as histórias de super heróis que surgiram logo depois. O nerd era o aficionado por quadrinhos, bom aluno, adepto de hobbys pouco convencionais como fazer experimentos de química e montar computadores experimentais nas garagens (lembrou de Bill Gates e Steve Jobs?). Alguns eram do clube do aeromodelismo e também desenvolviam foguetes caseiros por puro esporte, bem antes da atual modinha dos drones.

O nerd até os anos 80 era esse indivíduo mais estranho ligado fortemente a cena underground da ficção científica e do futurismo, era um tipo de desajustado social ou um Dom Quixote as avessas que enxerga as mais fantásticas promessas do futuro como realizáveis.

Depois dos anos 90 propositalmente foi criada a confusão entre os fãs de cultura pop e os nerds. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Todos os nerds tem tendência a gostar de quadrinhos, filmes e séries famosos, mas quem gosta dessas coisas não é automaticamente nerd. Existe uma independência lógica entre essas duas coisas.

Foi então que a palavra nerd mudou de significado e foi criado um outro termo "geek" para se referir ao aficionado por tecnologia que ironicamente tem adoração por coisas populares assim como o nerd pós anos 90. Não são termos tão diferentes assim, afinal de contas.

Não é à toa que portais de notícias que antes colocavam o setor de ciências e tecnologia em setores separados juntam tudo num mesmo tópico e ainda colocam sobre a rubrica geral de economia. Tecnologia se torna apenas um outro ramo da economia que movimenta trilhões no mundo inteiro. Constatamos como o jornalismo mercantilista não se interessa pela personalidade e individualidade dos leitores, se interessa apenas pelos nossos perfis algorítmicos obtidos através da coleta de dados de cookies e bots em redes sociais e no google.

Fique tranquilo, hoje você é um rótulo. Não o rótulo da sua pessoa, mas o rótulo que as grandes corporações utilizam para agrupar você e outros milhares que se parecem com você.

Assim, a expressão cultura underground é uma expressão menos ambígua do que "cultura nerd" ou "cultura geek", pois é uma expressão que se reporta diretamente a um contexto objetivo que possui vários critérios de determinação num mundo onde a popularidade pode ser medida em números de views e de likes no YouTube.

2 comentários:

  1. A expressão "mais do mesmo" sintetiza bem o que vemos hoje na mídia em geral. A mesmice reina, ideias originais estão em baixa, pouco se produz de novidade, a massificação nunca esteve tão na moda. Chegamos numa época em que as pessoas tem medo de pensarem por si próprias e apenas reproduzem o status quo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A mesmice é contrária a curiosidade.

      Ser curioso é explorar hobbies e coisas que você não estava acostumado antes. Aprender um novo idioma, estudar história antiga, estudar músicas obscuras, enfim, ter um passatempo saudável que seja benéfico para a integridade psíquica.

      Desopilar com coisas destrutivas, não é solução, é problema.

      Excluir