segunda-feira, 27 de maio de 2019

Autenticidade vs. Aparência

"Ser quem realmente somos". Com essa frase Kierkegaard (1813-1855), filósofo existencialista, resumiu sua ideia de que para escapar do desespero e da angústia é preciso aceitar seu próprio eu. No entanto, a pergunta fundamental "quem sou eu?" vem sendo feita desde a Grécia antiga, onde a função principal da Filosofia era tornar a pessoa mais feliz por meio da autoanálise e autoconhecimento.

O nosso organismo como um todo clama por autenticidade embora na maior parte das vezes as pessoas acabem tomando caminho oposto fugindo de sua verdadeira natureza. Tornam-se prisioneiras de suas próprias máscaras sociais conhecidas no campo da psicologia como personas, viram escravos dessas personas, da própria caricatura que criaram para si mesmas, limitando seu desenvolvimento.

O Psicólogo William James (1842-1910) dizia que a consciência flui continuamente como um rio, numa espécie de fluxo de pensamento. A capacidade de se auto-analisar é própria da natureza humana, essa caminhada em busca de si mesmo nos leva a uma profunda reflexão sobre nossa origem, a origem do universo e da vida. Podemos ser como médicos, psicólogos, professores, cientistas de nós mesmos.

A filosofia, mãe da psicologia, já colocava a importância de conhecer-se através da célebre frase de Sócrates: "conhece-te a ti mesmo". Existem muitas técnicas para entrar em contato consigo mesmo, com seus pensamentos e sentimentos, entre elas está a meditação, indicada principalmente para pessoas ansiosas.

A tarefa de conhecer a si mesmo, talvez a mais importante das tarefas do ser humano na atualidade, perdura durante toda a vida, por estar em constante evolução, é através dela que conseguimos direcionar nossa existência, refletir sobre os prós e contras, vantagens e desvantagens de determinadas escolhas, ideias e comportamentos.

Muitos falam de liberdade sem perceber que ela vem de dentro pra fora, quanto mais conhecemos nossos processos subjetivos, mais podemos nos antecipar a eles, ficamos assim cada vez menos propensos as neuroses ou outras patologias. A própria Psicologia é uma ciência recente que se detêm especialmente na questão dos processos subjetivos e mecanismos psicológicos.

O autocuidado, auto-apoio e uma visão humanizada de si mesmo são fundamentais na busca por autoconhecimento e autoanálise, sem eles a tendência é que as pessoas se tornem hipercríticas, excessivamente ansiosas e exigentes tanto em relação a si mesmas como em relação aos demais. 

Bem-estar e uma vida saudável envolve não apenas ter um trabalho, mas ter uma vida fora do trabalho com lazer, leitura, filmes, passeios, namoro, hobbies, viagens e etc. Isso é muito sério e extremamente importante para a saúde psíquica das pessoas, mas muitas vezes é pouco valorizado na nossa sociedade em detrimento da carreira profissional, do sucesso pessoal ou coisa que o valha.

6 comentários:

  1. Ser quem realmente somos para estar de bem consigo mesmo. e assim ser feliz

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  2. Bem interessante o artigo, unir filosofia e psicologia é uma maneira de informar sobre as técnicas terapêuticas e os princípios filosóficos que servem para promover o bem-estar.

    Pretendo em breve publicar um post sobre a Psicologia Positiva, ressaltando que a escolha de boas atividades culturais é uma escolha que tem muito impacto no bem-estar geral das pessoas.

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    1. Valeu, a psicologia deslanchou e encontrou seu próprio caminho, mas sempre é benéfico voltar as suas raízes filosóficas em tempos em que a filosofia é pouco valorizada.

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  3. Outra coisa pertinente a esse tema da autenticidade seria analisar o que pretendem aqueles que publicam notícias falsas.

    Querem popularidade? Fama? O que move essas pessoas que se afastam tanto dos princípios mínimos da cultura civilizada não pode ser apenas uma tentativa de fazer humor ou seria apenas uma versão mais agressiva dos antigos trotes telefônicos?

    O que a psicologia teria a dizer sobre o assunto?

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  4. Ótima sugestão a tua, realmente é uma questão interessante para ser estudada, penso que poderia ser até mesmo tema de pesquisa científica conhecer as motivações reais dos criadores de noticias falsas. Existe uma técnica muito difundida em psicologia chamada TELEFONE SEM FIO, nessa dinâmica um grupo de pessoas é reunido numa sala, depois um dos participantes é chamado para fora da sala, lhe é contada uma história qualquer, depois essa pessoa tem que chamar outra para fora da sala e contar a mesma história e assim por diante. Acontece que no final da dinâmica a história acaba totalmente distorcida, porque cada um que conta acaba contando de maneira diferente e a história acaba totalmente diferente da original.

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